Muitas são as razões para as empresas colocarem as questões ambientais, sociais e de governança (ESG) no centro das suas estratégias de negócio.
De um lado estão os consumidores, cada vez mais dispostos a escolher marcas engajadas com ESG. De outro, os bancos, investidores e a necessidade de melhorar o envolvimento dos funcionários, de atrair e de reter os melhores talentos. Todos esses fatores fortalecem a importância de compreender e gerir o impacto ambiental em cada parte do negócio.
Uma análise recente realizada nos EUA pelo escritório de advocacia Gibson, Dunn & Crutcher LLP constatou que as propostas dos acionistas relacionadas ao social aumentaram 37% na temporada de 2021 em comparação com o ano anterior.
Diante do fato de que dois terços da pegada ambiental, social e de governança média das organizações recaem sobre os fornecedores, nós, profissionais de Procurement, temos em mãos uma grande oportunidade para tomar medidas que podem fazer uma diferença decisiva em sustentabilidade nas organizações.
Os desafios para os líderes de Procurement
Um dos pontos mais críticos para os gestores de Procurement é o fato de que os desafios em sustentabilidade ultrapassam os limites físicos das organizações.
Uma grande parte dos produtos, cerca de 80 a 90% das emissões de gases com efeito estufa são do Scopo 3, ou seja, as emissões indiretas que ocorrem ao longo da cadeia de valor, como as emissões incorporadas nos bens e serviços adquiridos, deslocamento de funcionários, utilização e destino de vida dos produtos vendidos.
Além disso, sabemos que quanto menor a maturidade dos fornecedores, maiores são as dificuldades em controlar os riscos de conformidade, aumentando, por exemplo, a probabilidade dos riscos das práticas ambientais e trabalhistas desses fornecedores passarem despercebidos.
Em uma pesquisa recente realizada com líderes decisores pela McKinsey & Company, 75% dos entrevistados disseram que suas organizações não sabiam onde as emissões Escopo 3 eram geradas em sua cadeia de valor e 95% afirmaram terem dificuldades em identificar quais as ações para movimentar os tópicos ESG.
A pesquisa confirma a percepção de que muitos gestores de Procurement têm consciência sobre o potencial de influência da área, tanto diretamente por meio de decisões de compra, como indiretamente através de influência e soluções para os projetos de produtos. Porém, a maioria ainda não encontrou o caminho para transformar essa compreensão numa visão clara que oriente a implementação de estratégias sustentáveis para compras nas organizações.
Quais os primeiros passos para estabelecer uma estratégia sustentável?
Considere as pessoas, os processos, a tecnologia e tudo o que você precisa para incluir a abordagem ESG nas práticas de aquisição.
Entendo que abordagem holística e o desenvolvimento de processos e de dados em ESG é fundamental para a estratégia de sustentabilidade em Procurement. Veja alguns pontos de reflexão:
Construa um núcleo para a criação de iniciativas de valor
Escolha algumas pessoas da equipe de Procurement para trabalharem focadas nas iniciativas de valor em ESG. É preciso que tanto os clientes internos como os clientes externos estejam cientes do impacto ambiental e social das decisões de compra.
Em se tratando de ESG, não há como estabelecer uma estratégia eficaz sem inovação, e isso, na prática, normalmente se traduz na aquisição de diferentes materiais, novas tecnologias, na implementação de novos processos de fabricação, novas formas de se relacionar com parceiros internos e externos e de colaborar com os fornecedores.
Estabeleça critérios de contratação alinhados com a estratégia ESG
Mitigar riscos é um dos pontos de atenção, por isso considere reavaliar os contratos existentes e procure incluir critérios primários de qualificação e homologação de fornecedores relacionados à pauta ESG para os projetos futuros de fornecimento.
Os critérios de sustentabilidade precisam ser padrão nos processos de aquisição, não só para reduzir riscos, mas também por ser uma oportunidade para identificar melhorias nos processos.
Já é hora de encarar o ESG como um desafio estratégico central, entender o papel de Procurement e colocar em prática as ações necessárias, não apenas para ajudar a proteger a capacidade de sobrevivência e lucratividade das organizações, como também para proporcionar um impacto significativo e de longo prazo na sociedade.
Vale lembrar que o apoio de uma consultoria para mapear pontos de melhorias e tudo que está envolvido nas questões ESG pode ser uma peça-chave para decidir os melhores caminhos para a implementação de uma estratégia sustentável em Procurement.
